Renda fixa: com Selic e inflação em alta, em quais notas do Tesouro apostar?
Recomendar!Por: Nathália A. Terra Pereira
13/05/10 - 15h44
InfoMoney
SÃO PAULO – Apostar em títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional sempre foi uma boa opção de investimentos para aqueles que querem correr poucos riscos. No entanto, engana-se quem pensa que, até mesmo dentre esses papéis, não seja necessário a adoção de estratégias.
Entre tantas notas oferecidas – títulos pré-fixados, títulos com indexação à taxa Selic e títulos indexados a índices inflacionários -, é necessário atentar com cuidado para tomar a escolha certa, um processo que passa também pela análise do momento da economia brasileira.
Juros em alta, inflação também
Após quase dez meses de manutenções do juro básico, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou, em sua última reunião realizada em 28 de abril, por elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 9,50% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade, e na visão consensual entre analistas, é indicativo de um ciclo de aperto monetário por vir.
Segundo indicou o mais recente relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, as estimativas do mercado apontam para que a taxa Selic encerre o ano de 2010 a 11,75% ao ano. Ou seja, o juro básico brasileiro ainda teria pela frente um aumento da ordem total de 2,25 pontos percentuais.
Se o juro deve crescer, é em função do crescimento também das pressões inflacionárias. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medida oficial da inflação doméstica, registrou alta de 0,57% em abril, acima da medição de março e das expectativas. Por falar em expectativas, o mercado espera que o índice feche 2010 acumulando alta de 5,5% nos preços, acima do centro da meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) de 4,5%.
O atual momento é de, portanto, alta tanto na trajetória do juro básico quanto da inflação esperada. Neste cenário, em quais notas apostar: nas indexadas à Selic ou aos índices de preços?
LFT, aos mais conservadores
Para André Mallet, como em toda aplicação, a resposta para tal pergunta está no perfil de quem investe. Para os mais conservadores, o analista e especialista em renda fixa da Um Investimentos recomenda as LFT (Letras Financeiras do Tesouro), que são títulos com rentabilidade diária vinculada à taxa Selic.
“Para este tipo de investidor mais conservador, as LFT são uma interessante opção pois, não importa onde a Selic vá, o título acompanha”, explica Mallet. De fato, as LFT são conhecidas justamente por seu perfil de baixíssima volatilidade, indicado para cenários de alta dos juros e/ou de forte instabilidade dos mercados.
O fluxo de recebimento dos juros é simples, composto apenas por uma aplicação e um resgate, ou seja, quem escolhe este papel resgata o principal e os juros na data de vencimento.
Principal sugestão fica para as NTN-B
Se o seu perfil de investimento é um pouco menos conservador, não hesite: a principal indicação de Mallet e de sua equipe da Um Investimentos são mesmo os títulos que acompanham as variações do IPCA, as NTN-B (Notas do Tesouro Nacional - série B). “É o que estamos recomendando aqui para nossos clientes”, revela o analista.
Para Mallet, é “praticamente certo” que o IPCA vá encerrar o ano de 2010 acima da meta. “É só acompanhar os relatórios Focus que saem todas as segundas-feiras”, completa. Desta forma, as NTN-B trariam ao investidor rentabilidades um pouco superiores às da LFT e “com risco praticamente nulo”.
O leitor pode estar se perguntando acerca dos títulos que acompanham o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado). Afinal, o índice também vem seguindo trajetória de alta este ano e, no que depender das visões contidas no último relatório Focus, deve encerrar 2010 a 8,53%. Mas Mallet mantém sua preferência pelas NTN-B, “títulos com maior liquidez”.
Conheça um pouco mais
As NTN-B dividem-se em duas: as notas tradicionais e as principais. Aquele que investe no primeiro grupo recebe, além da variação do IPCA, juros definidos no momento da compra, com pagamento semestral e o principal na data de vencimento do título. Já os que apostam nas NTN-B principais recebem juros somente na data de vencimento do papel, não ocorrendo pagamentos durante a vida do título.
Um investidor poderia escolher a NTN-B principal porque os custos de transação são menores, enquanto a NTN-B tradicional pode atrair aqueles que precisam garantir uma renda semestral.
Atenção a resgates antecipados
No mais, Mallet concede outras dicas. Acima de tudo, é necessário manter-se atento à evolução da Selic e dos índices inflacionários. “Se você aposta em um papel e, transcorrido um certo período de tempo, o juro sobe mais do que o anteriormente previsto, tome muito cuidado para não perder dinheiro ao fazer resgates antecipados”, alerta o analista.
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